Minha vida sempre foi repleta de
insegurança. Sempre que pensava no futuro vinha o medo de ser reconhecido, e
quando pensava no presente, a dúvida entre fazer o que queria ou o que os mais
velhos diziam para fazer. Não tinha muitas coisas, minha família era humilde,
de origem pernambucana, morávamos em uma casa pequena embaixo de um sobrado.
Meus brinquedos eram as almofadas
que eu fazia de escudo, o controle da TV era minha espada mágica, eu fazia da
fantasia uma fuga da realidade que vivia.
Aquela casa com paredes mofadas e
corredores estreitos se tornava o calabouço de um terrível dragão vermelho, as
lutas cansativas de proporções épicas. Com almofadas e lençóis voando, sempre
quebrava algo, era quase sempre um porta-retratos que eu tentava consertar, mas
sempre piorava.
Certa vez meu pai chegou primeiro em
casa, e ele era o Mago da minha mirabolante fantasia, alguém com vivência e
conhecimento de eras. Eu tinha quebrado um grande porta-retratos com a foto de
meus falecidos avós e escondido embaixo do sofá, e para o meu azar meu pai
pediu para eu pegar a vassoura, ele ia arrumar a casa.
O frio na barriga foi para o corpo
todo, tinha medo de ele me bater ou me repreender de qualquer forma.
Quando achou o que eu tinha feito,
apenas respirou fundo e me chamou. Ele assumiu o papel de sábio e disse:
̶ As pessoas cometem erros todos os
dias, e muitos cometem erros graves. Algumas sabem o que fizeram e se
arrependem tanto que não conseguem ter uma vida normal. Outras erram e não se
importam com os resultados de seus atos, e essas são as pessoas que mais erram
pois não aprendem com seus erros. As pessoas que sabem que erraram e assumem
seus erros são as pessoas honestas, e essas são amadas e admiradas por todos.
Qual você é, Matheus?
Matheus Ferreira Braga