domingo, 2 de setembro de 2018

O conselho do Mago



          Minha vida sempre foi repleta de insegurança. Sempre que pensava no futuro vinha o medo de ser reconhecido, e quando pensava no presente, a dúvida entre fazer o que queria ou o que os mais velhos diziam para fazer. Não tinha muitas coisas, minha família era humilde, de origem pernambucana, morávamos em uma casa pequena embaixo de um sobrado.
          Meus brinquedos eram as almofadas que eu fazia de escudo, o controle da TV era minha espada mágica, eu fazia da fantasia uma fuga da realidade que vivia.
          Aquela casa com paredes mofadas e corredores estreitos se tornava o calabouço de um terrível dragão vermelho, as lutas cansativas de proporções épicas. Com almofadas e lençóis voando, sempre quebrava algo, era quase sempre um porta-retratos que eu tentava consertar, mas sempre piorava.
           Certa vez meu pai chegou primeiro em casa, e ele era o Mago da minha mirabolante fantasia, alguém com vivência e conhecimento de eras. Eu tinha quebrado um grande porta-retratos com a foto de meus falecidos avós e escondido embaixo do sofá, e para o meu azar meu pai pediu para eu pegar a vassoura, ele ia arrumar a casa.
          O frio na barriga foi para o corpo todo, tinha medo de ele me bater ou me repreender de qualquer forma.
         Quando achou o que eu tinha feito, apenas respirou fundo e me chamou. Ele assumiu o papel de sábio e disse:
           ̶ As pessoas cometem erros todos os dias, e muitos cometem erros graves. Algumas sabem o que fizeram e se arrependem tanto que não conseguem ter uma vida normal. Outras erram e não se importam com os resultados de seus atos, e essas são as pessoas que mais erram pois não aprendem com seus erros. As pessoas que sabem que erraram e assumem seus erros são as pessoas honestas, e essas são amadas e admiradas por todos. Qual você é, Matheus?
Matheus Ferreira Braga